A passagem da cantora norte-americana Beyoncé por Salvador na quinta-feira (21) de dezembro, abalou todas as estruturas da cidade. Na entrada triunfal de uma das vozes mais ouvidas em todo o planeta, estavam elas: as meninas da banda Didá. O mistério da aparição da cantora foi tamanho, que nem mesmo as integrantes da banda sabiam de sua presença até o momento em que a artista pisou, de fato, no palco do Centro de Convenções.
“Foi um convite falando que seria um evento em relação a um projeto da Beyoncé, mas não foi dito que ela estaria presente pessoalmente. Ela iria aparecer em um vídeo falando do projeto dela, mas não estaria ali presente porque tudo era muito sigiloso” conta a maestrina, Adriana Portela. Emocionada, Adriana diz que apesar das incertezas, ao chegar ao local do evento, já havia indícios de que a cantora estaria na celebração.” Quando vi aquela mega produção falei ‘ela vai estar aqui, porque essa mega produção é para uma musa, é para uma diva’ e ela esteve ali e foi muito impactante. Foi muito lindo”.
Todo o clima de suspense não era novidade para algumas das integrantes. Ivone Jesus, regente da banda, lembrou de colaborações com artistas nacionais que também envolviam um sigilo inicialmente. “Quando tem muito sigilo, a gente sabe que é coisa grande, porque com Anitta foi assim, com Marília Mendonça foi assim. Coisa grande não pode falar, assinou o contrato, não pode divulgar, é coisa grande, é coisa boa”.
Com o clima de mistério no ar, algumas integrantes tentavam adivinhar ao longo da semana quem poderia ser a artista que viria a Salvador. Apesar disso, Ivone conta que tentou manter a calma ao longo dos dias, mas “quando eu vi a estrela entrando, eu não sabia se tocava, se eu pulava, se eu gritava, eu achei que já estava no meio do público”.
Quando ela apareceu no canto do palco já estava todo mundo nervoso. A gente não sabia se tocava, se pulava, se sorria”, relembra Carla Souza, que na noite da apresentação tocava a caixa. “Quando ela entrou no palco e a gente começou a rufar, a gente teve a certeza que ela realmente estava ali. Foi um misto de energias, de sensações que a gente não consegue jamais explicar em palavras”, completa.
Para Ivone apresentar ao lado da cantora foi um grande presente de aniversário. Com as fortes chuvas que acometem a cidade, ela decidiu não comemorar sua data de nascimento neste ano. “Débora falou assim ‘Ivone, você vai tocar no seu aniversário’. Estava chovendo, então eu falei ‘está bom, não tenho outra opção’. Já pensou se eu falo para Débora que eu não vou? Eu ia ficar louca”, brinca a musicista.
Integrante da banda há mais de 20 anos, Ivone afirma que após todos esses anos de apresentações nacionais e internacionais, o sentimento de dividir palco com Beyoncé é inédito, é a realização de um sonho. “A banda dela é de mulheres tocando, tem tudo a ver. É muita felicidade por poder fazer parte, por poder estar num lugar que me proporciona viver esse momento que é mágico”, comenta.
Segundo Adriana, a cantora é uma referência, por ser uma mulher negra cujo trabalho é baseado no empoderamento feminino. “Nós estamos agora nesse momento trabalhando o afrofuturismo. Desde 2019 no nosso carnaval a gente vem trazendo esse recorte, essa perspectiva e a Beyoncé trabalha isso [também], não deixando de buscar a ancestralidade”, destaca.
Para as musicistas, o sentimento que fica é de esperança. Depois da participação em um evento de tamanho reconhecimento global, o desejo é que o trabalho que desempenham aqui na Bahia, continue caindo nas graças de todo o mundo. “A gente trabalha como as pioneiras há trinta anos e ainda assim não temos esse reconhecimento que temos a certeza que merecemos. Acredito que uma pessoa vindo de fora, uma pessoa mundialmente conhecida, respeitada, idolatrada, que é uma inspiração, não só para a gente da banda Didá, como mulher preta, mas para muitas outras mulheres, possa trazer mais reconhecimento para o nosso trabalho”, afirma Carla.// Correio
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